Morte na casa de câmbio
Testemunha identifica acusados de matar advogado
Prossegue no Fórum de Maceió, 29, a audiência de instrução que colhe depoimentos sobre o assassinato do advogado José Fernando Cabral. O mandante do crime seria o sócio, o também advogado Sinval José Alves. A audiência é presidida pelo juiz John Silas e o Ministério Público do Estado (MPE) tem como representante o promotor Napoleão Amaral.
A primeira a ser ouvida foi a esposa da vítima, a médica Lenilde Cabral. Segundo ela, Sinval José tinha parado de repassar valores de processos judiciais ao escritório de advocacia e, durante algum tempo, tentou culpabilizar o contador da empresa. A sociedade dos advogados, ainda conforme a médica, estava prestes de ser finalizada.
“Existia a dívida de R$ 600 mil e os dois conversaram a respeito em almoço marcado em um restaurante”, contou. José Fernando Cabral chegou a receber um bilhete como alerta, fato que deixou a esposa da vítima transtornada. “Após a morte do meu marido nem Sinval e nem a esposa dele foram ao velório. Ninguém sequer me ligou”, declarou.
Lenilde disse ainda que o dinheiro que teria sido desviado por Sinval seria proveniente de trabalhos prestados à usina Coruripe. “A vida da minha família virou de ponta cabeça. Eu e minhas filhas estamos passando por psicólogos e fazendo tratamento com remédios”.
Um dos acusados de participação do crime é o segurança Denisvaldo Bezerra, de 26 anos. Familiares marcaram presença na audiência cobrando por justiça.
De acordo com a mãe Célia Bezerra, o filho foi preso por causa de uma ligação de celular. “O Irlan Almeida, também um dos acusados, pediu o telefone do meu filho. Era um conhecido família. Meu filho é inocente. Não sabia do motivo da ligação”.
Allan Almeida, irmão de Irlan, também prestou depoimento. Negou que identificou o irmão nas imagens de segurança gravadas supostamente antes e depois do crime.
José Eleno da Silva, um dos funcionários da casa de câmbio, onde aconteceu o assassinato, contou que o advogado Sinval José pediu para que ele chegasse cedo na empresa e arrumasse o local para reunião com José Fernando Cabral.
"O assalto ocorreu no máximo em quatro minutos. Dispararam e saíram correndo. Pensei que iria ser alvejado também. Não fomos revistados pelos bandidos. Apenas levaram meu celular".
José Eleno é considerado peça-chave para resolução do caso, uma vez que avistou e reconheceu os participantes da ação em depoimento à Polícia Civil.
O reconhecimento foi realizado mais uma vez durante audiência. Segundo o promotor Napoleão Amaral, José Eleno confirmou novamente que Irlan Almeida e Denisvaldo Bezerra seriam os participantes do assalto.
Estão detidos: o advogado Sinval José Alves, autor intelectual do crime; Irlan Almeida e Denisvaldo Bezerra, acusados de assassinato; Raimundo Pereira da Silva, acusado de extorsão; e mais duas pessoas que teriam ajudado na contratação do executores do crime.
A audiência deve ter continuidade na terça-feira, 30, no Fórum do Barro Duro.
O caso
O advogado José Fernando Cabral foi executado a tiros no dia 3 de abril dentro de uma casa de câmbio situada a Galeria Ivone Mendes, na Avenida Sandoval Arroxelas, na Ponta Verde, em Maceió.
Dois homens invadiram o estabelecimento exigindo dinheiro antes de efetuar os disparos. Após o crime, a dupla fugiu em uma motocicleta.
No dia 12, o sócio do advogado Sinval José Alves foi apontado, segundo investigações, como autor intelectual do crime. Irlan Almeida e Denisvaldo Bezerra teriam sido contratados para assassinar José Fernando por causa de uma dívida de R$ 600 mil.